quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Em seus pulmões parece não caber nem um terço do volume normal, tem algo apertando, impossibilitando uma respiração constante. Falta-lhe o ar, faltam-lhe as palavras. É uma sensação de impotência, onde seus músculos não respondem, e ela se sente estática.
Passa em um único instante, a infinidade de momentos que imaginou em noites sem dormir, sonhava a ponto de perder os sentidos e já não saber se estava acordada ou se já havia pegado no sono. Pela sua imaginação conseguia sentir a graciosidade do seu toque, o deslumbre que sua voz lhe proporciona. Conseguia decifrar o seu olhar sempre tão atento a ela, mesmo ele não existindo ao seu lado. Com ele que ela passava horas conversando, contando o seu dia, como se ele tivesse ali do lado. Era esses delírios que a sustentava nos dias ruins, usava o sonho de um dia tê-lo como justificativa das crises depressivas que tinha ao ouvir uma música, principalmente quando era uma música que um dia foi cantada pra ela.
Durante esses momentos que ela teve ao lado dele apenas em sua imaginação, inúmeras vezes houve a tentativa de explicar a ele o que ela sentia, e mesmo sem tê-lo na sua frente, era um sentimento irrelatável. Agora ele estava ali na sua frente, perguntando a ela o que ela achava que mais chamava a atenção nele. Depois de horas de diálogo sobre faculdade, planos, família e até saúde, a conversa chegou a esse ponto, a hora das revelações. Ele começa falando que nunca esqueceu seu sorriso que passa sinceridade e alegria contagiante, que mesmo depois de anos sem se verem ele nunca perdeu seu valor, que ao vê-lo apenas por fotos de sites de relacionamento era o que mais sentia saudade.
E esse momento foi se estendendo. Sem explicação, e sem fazer questão que esta ( a explicação) exista. É disso que ela vai lembrar daqui a algum tempo. Mesmo que pense: “poderia ter feito isso”. Mas ela sabe que o mais importante de qualquer pensamento, qualquer sentimento, qualquer questionamento, é que esse momento de alguma forma existiu. Pena ela não saber se foi mesmo real...